Ditadura nunca mais! Confira depoimentos de torturados pelo Regime Militar

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DITADURA NUNCA MAIS!

Ronaldo Murilo Leão Rego, arquiteto, 73 anos, de Curitiba-PR, teve vários amigos que foram perseguidos durante a Ditadura Militar.

“Eu tive muitos amigos condenados, torturados, muitos exilados, e ninguém falava, né? Era medo. Medo de se comprometer, medo de ser perseguido.

Ou seja, a pessoa desaparecia e você não tinha nem coragem de perguntar o que tinha acontecido?

O Doutor José, o Zequinha, amigo nosso, sumiu da nossa vida e só foi reencontrar muitos anos depois com a anistia. O Nicolucci, nosso colega de área, colega do meu irmão de sociologia, ele foi a um congresso no Ceará e não voltou. Foi para o México, depois Cuba, e depois para a Alemanha, onde ficou lá por 20 anos.

A pior sensação é você estar livre sem poder falar, sem poder ter ideias. É como se fosse uma prisão sem ser estar atrás das grades. Uma sensação muito ruim do ponto de vista de vida e uma insegurança absoluta de um país que estava se transformando, do dia para a noite, num moralismo absoluto e de um atraso onde tudo era pecado, tudo era proibido”.

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DITADURA NUNCA MAIS!

Elisabeth Franco Fortes, jornalista, 73 anos, de Curitiba-PR. Presa pela ditadura, teve a irmã torturada “por engano”.

“Minha irmã foi presa. Minha irmã me visitava na cadeia, ela era uma menina de 18 anos, eu estava com 22, mais ou menos. Ela ia me visitar na cadeia, aí prenderam ela, ela estava indo para o trabalho, quando ela chegou no emprego, prenderam ela, sumiram com ela, meu pai e meu irmão desesperados atrás dela, ninguém achava. Ficou uma semana presa, ela foi muito torturada.

Ela tinha o cabelo comprido. Penduraram ela no pau de arara, botavam o cabelo dela dentro da água e daí sim, davam choque no seio, na vagina, torturando ela direto, direto, direto, porque queriam que ela falasse uma coisa que ela sequer sabia. Ela foi torturada primeiro em um quartel aqui em Curitiba e depois foi botada dentro de um helicóptero, sobrevoaram as cataratas do Iguaçu e eles disseram, se você não vai dizer, nós vamos te jogar nas cataratas. Tortura pesada, mesmo, uma menina de 18 anos.

Família toda desesperada procurando ela, sabiam que ela estava presa, só não sabiam onde, depois eles começaram a procurar em hospital, em IML, achavam que já poderia estar morta mas não conseguiam achar.

Depois de uma semana eles trouxeram ela, uma menina frágil, desmilinguindo, trouxeram na porta da casa do meu pai e falaram “desculpe, foi engano”. Isso é ditadura. Quem acha que ditadura não é isso, não sabe. Não tem noção do que é.

Eu tenho visto essas frases prontas, aí, né. Você na democracia pedir ditadura é fácil, quero ver quem estiver na ditadura como que vai fazer para pedir democracia, né. É uma frase pronta, claro. Mas tem muito de verdade nisso. O terrível da ditadura é que no início da ditadura você não percebe que ela está chegando. É difícil você chegar e dizer “já estamos numa ditadura e isso vai ser terrível”, mas na hora que estivermos mesmo, que a coisa fica terrível, aí não tem mais choro. Então agora é a hora de não deixar isso acontecer de jeito nenhum. Por isso estou aqui, por isso falo pra quem quiser ouvir, tem que abrir o olho já, porque se não abrir o olho já, depois não adianta mais.”

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DITADURA NUNCA MAIS!

José Ferreira Lopes, 74 anos, médico, foi torturado por cerca de seis meses durante a Ditadura Militar.

“O que aconteceu lá? Pau de arara, choque elétrico, chutes, de tudo…afogamentos, os métodos de tortura que eles utilizavam. Você é torturado, te abandonam, voltam a torturar. De acordo com a sua postura que vão sendo feitas as coisas.

Quantos dias de tortura? Você consegue dimensionar? Foram muitas sessões?

Cinco, seis meses, por aí.Cada vez mais agressivo…
Enfrentei uma coisa que era moderna, que tinha sido importada da Inglaterra, que era a cabine de som: você apanha, te jogam numa cabine lacrada, pequena, é alternância de temperatura – ou é muito calor ou muito frio. Ou é um silêncio absoluto ou um barulho ensurdecedor, como se fossem bombas passando pela sua cabeça, desorientado…
De vez em quando eles abriam, acendiam e ficavam na sua cabeça “qual é o seu partido? O que você está fazendo?” E depois fechavam…

Você chega, você se joga na cela boa, grande tal, com banheirinho. Vai passando o tempo você vê você tá num porão sujo. É tudo muito bem calculado pra quebrar a sua vontade.

Se esse fascista ganhar, entrar…sempre me fazem essa pergunta “e aí o que você vai fazer? Vai sair do país?” Não, não saio! Do meu país eu não saio. Fazer o que lá fora?

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