Técnica com deficiência oculta relata já ter sido discriminada no local de trabalho

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A técnica administrativa em educação (TAE) Marilin Zella, lotada no CHC, foi diagnosticada aos 16 anos com a Doença de Legg-Calvé-Perthes, uma patologia que afeta o suprimento de sangue para a cabeça do fêmur e danifica a articulação do quadril. Por conta da doença, a TAE possui um encurtamento do membro esquerdo e mobilidade reduzida.

TAE Marilin Zella, técnica de enfermagem no Biobanco

“Mesmo o quadro clínico ser moderado e a indicação ser uma prótese, muitas pessoas têm dificuldade de enxergar a minha deficiência”, comenta Marilin.  

As deficiências ocultas são aquelas sem sinais evidentes, portanto, nem sempre são identificadas de modo imediato, como é o caso da técnica, ou de pessoas com deficiências cognitivas, surdez, autismo, entre outras.  

A TAE ingressou no hospital como técnica de enfermagem pelo vínculo RJU, em 2013, e foi classificada como enfermeira pelo vínculo Ebserh, em 2015. No entanto, o pleito pela vaga como enfermeira ainda não saiu para Marilin. Segundo a técnica, o médico alegou que ela não tinha condições de assumir como enfermeira e até hoje aguarda a sentença judicial. 

“Eu me classifiquei como enfermeira e foi o maior de todos os desafios. A junta médica me assediou e me humilhou nessa avaliação para assumir a vaga. Neste cargo, meu trabalho seria mais leve e ganharia mais. Sendo assim, poderia ter cuidado melhor da minha qualidade de vida”, relata a técnica. 

Além de sofrer com o capacitismo para assumir a vaga, Marilin também confessa já ter sido discriminada por conta da deficiência no ambiente de trabalho: “já fui chamada de aleijada por uma determinada colega”, declara. 

O capacitismo consiste na opressão ou discriminação contra pessoas com deficiência e se manifesta por meio de falas ou atitudes. Capacitismo é crime e precisa ser combatido. 

 

Lei do Cordão de Girassol deve ampliar a inclusão de pessoas com deficiências ocultas 

A Lei do Cordão de Girassol foi sancionada no último mês (17/07) e estabelece o uso do cordão com desenhos de girassóis como uma forma de identificar pessoas com deficiências ocultas em todo o território nacional. A medida deve evitar constrangimentos e proporcionar mais segurança e acolhimento para as pessoas com deficiências ocultas. 

Melissa Vicentini, coordenadora do Sinditest-PR

“Essa alteração que o governo promoveu na lei brasileira de inclusão, instituindo o cordão do girassol como um símbolo oficial das deficiências ocultas ou invisíveis, é extremamente importante. Mas acho que vai para além disso, porque incita um debate na sociedade do que são deficiências ocultas, e do que é deficiência em si. A sociedade possui uma visão capacitista e corponormativa de que pessoas com deficiência são aquelas que você faz rapidamente um reconhecimento, e não necessariamente é isto”, declara a coordenadora do Sinditest-PR Melissa Vicentini. 

Para a coordenadora, a lei favorece a inclusão, minimiza as injustiças e promove a garantia de direito de todas as pessoas que não possuem deficiências aparentes. Ela destaca: “o fato das deficiências não serem identificáveis facilmente, faz com que se acredite que quem precisa de direitos são aquelas pessoas com deficiências graves ou aparentes”.

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