RU Central da UFPR é alvo de assalto (e de quem é a culpa?)

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Os impactos dos cortes de verba do Governo Bolsonaro às universidades atingiram níveis alarmantes e inaceitáveis. E os efeitos não são apenas nas salas de aula e nos laboratórios.

Entre as várias ações adotadas para reduzir os custos com as empresas prestadoras de serviço e tentar fechar o caixa sem dívidas, a UFPR removeu quatro funcionários terceirizados responsáveis pela segurança do Restaurante Universitário (RU) Central e de seu entorno. Eles trabalhavam em regime de escala, mas o espaço estava sempre sendo vigiado.

A medida já teve reflexos, e de uma forma bastante perigosa, vivenciada por trabalhadores da unidade que passaram por momentos de pânico e tiveram suas vidas colocadas em risco na manhã da segunda-feira (7).

Um assaltante armado invadiu a unidade perto das 6h, quando os funcionários terceirizados estavam abrindo o RU, rendeu três pessoas e arrombou as portas com o objetivo de acessar o cofre. Os trabalhadores ficaram sob a mira da arma enquanto o assaltante exigia acesso à chave do cofre. Ele não conseguiu arrombá-lo e, felizmente, deixou o local sem ferir ninguém.

Não há registros recentes de ações parecidas nas dependências da UFPR, indicando que a debilidade da segurança patrimonial foi percebida como uma brecha para colocar o plano do assalto em prática.

Não parece ser coincidência que isso tenha ocorrido justo agora, quando a universidade passa pelo seu pior momento e sua estrutura (incluindo sua segurança) está fragilizada.

Há tempos o Sinditest-PR tem alertado sobre os impactos dos cortes do governo Bolsonaro no dia a dia das instituições. Quando se falava no risco de fechamento da UFPR, é porque já se vislumbrava esse tipo de situação.

Mas agora essas ameaças estão se tornando realidade. E a vida da comunidade universitária (Sim, TAE, isso inclui a sua!) está sendo ameaçada.

Segundo o servidor Gessimiel Germano (o Paraná), lotado no RU Central, é revoltante ver a vida de colegas de trabalho sendo colocada em risco por causa dos cortes do Governo Federal. “Me sinto indignado com o descaso com a segurança. Aqueles trabalhadores ficaram desesperados na hora, e depois muito abaladas”, conta.

O episódio é um resultado direto e inegável do corte de verbas arbitrário que o Ministério da Educação (MEC) do governo Bolsonaro impôs às universidades federais. Como se não bastassem a precarização da estrutura da universidade, o corte de bolsas, os ataques aos direitos dos servidores e a campanha de estigmatização contra as instituições, o Governo Federal expõe a comunidade acadêmica a situações de extrema violência ao inviabilizar a prestação de serviços tão básicos como a segurança.

Antes dos cortes do orçamento, havia segurança no local durante todo o tempo, funcionado em regimes de turnos para garantir a cobertura nas 24 horas do dia. Agora, há apenas um segurança durante o período noturno, que ainda precisa se revezar entre vigiar o RU e a Casa da Estudante Universitária de Curitiba (CEUC). Depois do assalto, o vigia passou a acompanhar a abertura do Restaurante pela manhã.

Mas durante o dia, mesmo com a circulação de público e de dinheiro, não há mais segurança no local. Isso está colocando em risco a vida não só dos trabalhadores estatutários e dos terceirizados, mas de toda a comunidade, já que o RU Central é utilizado também por estudantes e por docentes. “Com a falta de segurança, um assalto como esse pode acontecer a qualquer hora do dia”, alerta Gessimiel.

Por pouco alguns servidores estatutários começariam o turno próximo àquele horário não deram de cara com o assaltante, inclusive servidoras que estão prestes a se aposentar. “Imagine uma servidora no final da carreira, depois de décadas de dedicação à UFPR, ter que passar por uma situação traumática como essa”, ressalta Gessimiel.

Enquanto muitos ainda se apegam a debates falsamente moralistas, a realidade mostra que o Governo Federal não está para brincadeira. “Os servidores precisam entender que esse tipo de situação está sendo causada por causa da política do governo Bolsonaro para as universidades federais. Se precisar, vai colocar em risco a vida de toda a comunidade universitária até cumprir seu real objetivo, que é acabar com as universidades federais”, afirma o coordenador-geral do Sinditest-PR, Daniel Mittelbach.

Portanto, não adianta tentar se esconder sobre qualquer justificativa. Essa infeliz ocorrência que atingiu os trabalhadores do RU Central deve servir como exemplo do desprezo do Governo Federal à integridade dos trabalhadores e dos demais membros da comunidade da instituição. Faz parte de seu projeto político.

O Sinditest-PR seguirá denunciando o projeto nefasto do governo Bolsonaro para a educação, continuará em luta pela reversão dos cortes orçamentários que assolam as universidades federais, cobrando também das reitorias que priorizem a integridade e a vida dos TAEs.

Confira as imagens:


Fonte: Sinditest-PR

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