Reitor da UFPR minimiza falhas no sistema de desvio de verbas

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O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo, disse não haver falha grave no sistema que possibilitou o desvio de quase R$ 8 milhões do orçamento da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação de 2013 a 2016. “Existe uma falha, sim. Mas não acho que o sistema fosse muito falho. De fato, faltou verificação individualizada, CPF por CPF”, admitiu o gestor, em entrevista coletiva de imprensa realizada na Reitoria da instituição, na manhã desta quinta-feira (16).

O reitor afirmou ainda que a UFPR é o quarto orçamento do estado do Paraná, maior que o da cidade de Londrina. “A Universidade é um grande mundo administrativo. Algum descaminho pode acontecer”, disse. A vice-reitora eleita e alvo de condução coercitiva, Graciela Muniz, não participou da entrevista, segundo o reitor, por estar em Brasília.

Melhora no controle

De acordo com Ricardo Marcelo, a UFPR vai melhorar seus sistemas de verificação com a criação do Comitê de Governança de Bolsas e Auxílios, determinada em janeiro, para que “cada saída [de dinheiro]possa ser checada”, e que vai investir na transparência, de modo que as informações estejam disponíveis a todos, das comunidades interna e externa.

“Sempre houve sistemas de controle sobre verbas de pesquisa e auxílio. Acho que havia um problema de controle, não uma ausência de controle”, afirmou. Segundo o gestor, a UFPR está “chocada e indignada” com o episódio que coloca a instituição “como vítima de um esquema criminoso”, e que a Universidade é a maior interessada nas investigações e no resgate dos recursos desviados do erário público.

Durante a coletiva, foi apresentada uma cronologia das providências tomadas pela UFPR em relação às denúncias. Ricardo Marcelo reiterou que a Universidade levou dados para a Polícia Federal, contribuindo para as investigações após ter sido alertada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as irregularidades.

Servidores(as) implicados(as)

Ricardo Marcelo defendeu os(as) oito servidores(as) implicados nas investigações, que foram alvo de condução coercitiva ontem (15). “Não existem indícios de dolo contra esses servidores”, lembrou. O reitor disse que a instituição irá apoiá-los até que a investigação mostre algo em contrário.

Ricardo Marcelo ressaltou que “vivemos em um Estado Democrático de Direito”, e citou os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e da presunção de inocência.

Modus Operandi

A forma de atuação das duas servidoras presas ontem (15), em operação da Polícia Federal, foi revelada. Segundo o reitor, a inserção dos dados na nota de empenho (para pagamento dos auxílios) não acontecia da forma correta. Numa longa lista em que eram dispostos os beneficiários, eram inseridos nomes e CPFs de pessoas que não tinham vínculo algum com a instituição, pelas duas servidoras.

Conceição Abadia de Abreu Mendonça e Tania Marcia Catapan eram servidoras antigas, de 30 a 40 anos de casa. Por isso, de acordo com o reitor, eram livres de suspeita. “Eram servidoras que não tinham presunção de desconfiança.” As duas foram afastadas por seis meses, porém continuam recebendo salário, conforme a lei 8112/90, que prevê a suspensão com manutenção dos vencimentos.

Uma delas já havia sido alvo de indiciamento pela Polícia Federal em 2006, do qual foi inocentada. Ainda assim, foi mantida e cargo de confiança do ex-reitor, Zaki Akel. Segundo Ricardo Marcelo, ele não pode responder pelas nomeações da gestão passada, porém, o fato de alguém ter sido investigado e inocentado não pode ser motivo para mancha na reputação.

Luisa Nucada,
Assessoria de Comunicação e Imprensa do Sinditest-PR.

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