Reajuste do salário mínimo é o primeiro grande ataque do governo em 2016

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O salário mínimo passou a valer R$ 880,00 a partir desta sexta-feira, dia 1º. O reajuste de 11,6% significa um aumento de R$ 92,00. Um verdadeiro deboche com os trabalhadores! O índice praticamente empata com a inflação acumulada em 2015, sendo menor que o praticado na cesta básica, nos preços administrados como água, luz, telefone, gás de cozinha e gasolina, além das tarifas de transporte público.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, o salário mínimo no mês de novembro de 2015 no Brasil deveria ser de R$ 3.399,22 para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas “com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”, ou seja, quase 4 vezes o valor atual. Uma diferença gritante de R$ 2.519,22.

O fato é que a tal “política de valorização do salário mínimo” alardeada pelo governo é uma farsa. A Medida Provisória 672 que manteve a fórmula de correção até 2019, que soma a inflação pelo INPC mais o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, só provou eficiência para manter o salário mínimo extremamente rebaixado no país.  Manter o reajuste do salário mínimo atrelado ao PIB, que se encontra praticamente estagnado, significa não conceder aumento real.

Os principais atingidos são especialmente as mulheres e os negros, que injustamente recebem os menores salários entre o conjunto dos trabalhadores. Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Atualização de Domicílios) do IBGE, 53% das pessoas que ganham salário mínimo são mulheres. Das mulheres também é exigida a responsabilidade pelo trabalho doméstico, que gera uma jornada excessiva para aquelas que trabalham fora de casa. As mulheres que ganham salário mínimo são as mais sacrificadas pela medida, já que não podem pagar pelos serviços domésticos. Este foi o presente de Ano Novo de uma mulher eleita presidente com a promessa de melhorar a vida dos mais pobres e honrar as mulheres. Uma vergonha.

A notícia também cai como uma bomba sobre aposentados e pensionistas. O percentual de reajuste não é estendido para os que recebem acima do salário mínimo. Desta forma, o governo promove um verdadeiro achatamento dos salários. A tendência é que em pouco tempo, todos ganhem apenas um salário mínimo. A lógica usada para justificar é indefensável. Para o governo, beneficiar milhares de homens e mulheres que dedicaram suas vidas inteiras ao trabalho é uma temeridade, enquanto tirar dinheiro do caixa da Previdência em benefício dos empresários, como acontece com a política de desoneração da folha de pagamento é correto. Quanta contradição!

Enquanto isso, parlamentares recebem salários equivalentes a R$ 33,7 mil, sem falar nas indecentes ajudas de custo, auxílios e verbas de gabinete. Cada parlamentar pode custar mensalmente R$ 1.792.164,24 aos cofres públicos. Enchendo os bolsos, essa corja não tem qualquer compromisso ou preocupação com a “mágica” que as famílias brasileiras terão que fazer para pagar as contas em 2016. A única preocupação é garantir que os lucros dos grandes empresários, empreiteiros, mineradores e banqueiros sejam cada vez maiores às custas do sacrifício de quem trabalha e gera as riquezas deste país.


É preciso mobilização

Para um dos dirigentes da CSP Conlutas, Sebastião Carlos, o Cacau, a luta por um salário mínimo decente faz parte das pautas mais importantes da classe trabalhadora, principalmente diante do atual cenário de crise econômica e alta da inflação, que afeta os preços dos alimentos e tarifas essenciais como luz, água, combustíveis e remédios.

“O governo Dilma está aplicando um duro ajuste fiscal, que penaliza os trabalhadores e os mais pobres para garantir os lucros de banqueiros e grandes empresários. Esse foi apenas o primeiro golpe de 2016. O objetivo é fazer com que os trabalhadores e o povo pobre paguem a conta da crise que eles criaram. Precisamos intensificar a mobilização em todo o país e construir uma forte Greve Geral para derrotar o pacote de maldades do governo e barrar qualquer retirada de direitos”, afirmou Cacau.

Fonte: CSP-Conlutas

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