Nota sobre a atual conjuntura política: nem golpismo, nem governismo. A saída é pela esquerda!

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Os últimos anos foram duros para nós, técnicos administrativos: nossa categoria tem recebido severos ataques dos governos Lula/Dilma, como o contínuo processo de precarização do trabalho e rebaixamento dos salários, além de assistir ao desmonte das universidades e à entrega dos hospitais universitários a uma empresa de direito privado
(Ebserh).

Desde 2003, o governo do PT optou por estabelecer uma política de alianças com a elite econômica e política em prol da “governabilidade”. Para isso, teve que fazer uma opção: abriu mão das bandeiras da classe trabalhadora e se adaptou cada vez mais ao campo
que deveria combater, incluindo o PMDB de Cunha, Temer e Renan. Por isso, vivemos tais ataques, e não saíram do papel os projetos de reforma agrária, regulamentação da mídia e auditoria da dívida pública.

Em época de “vacas gordas”, o PT conseguiu cumprir a cartilha burguesa enquanto, distribuindo migalhas, domesticava os movimentos sociais engajados com o governo. No entanto, com a crise econômica que se estabelece a nível mundial, abre-se também uma crise política que questiona o lulopetismo. As marchas de junho de 2013 evidenciaram uma
ruptura entre os movimentos de massa e as entidades governistas, razão pela qual o PT deixa de ser útil à elite econômica.

Apesar disso, não fazemos coro com o discurso de impeachment orquestrado por parcelas significativas da direita, que buscam angariar para fins próprios o poder de ditar as próximas medidas de ajuste fiscal, como a Reforma da Previdência. Trata-se de uma
articulação da mesma elite que, em épocas de PSDB ou em um possível governo do PMDB, manterá a política de ajuste sobre os trabalhadores e os serviços públicos. Mudam os agentes políticos, mantém-se o conteúdo.

Se há algo que o PT nos ensinou, é que não existe atalho e que não existem apenas duas possibilidades políticas. Não devemos apostar nossas fichas em um governo que, apesar do nome, não representa verdadeiramente os trabalhadores, assim como não podemos apoiar um pedido de impeachment por parte dos políticos de sempre – diga-se de passagem, tão corruptos quanto os quadros petistas –, apoiados por parcelas da mídia e do Judiciário em um golpe institucional.

Por isso, nesse momento entendemos que chamar “Fora todos! Eleições gerais já!” (o que subentende o impeachment) não dá conta de discutir a articulação da direita tradicional, porque a saída do PT no atual cenário possivelmente reorganizaria o que há de mais velho e reacionário no ambiente político.

O que devemos fazer é nos manter mobilizados em defesa dos nossos direitos e do serviço público. E, além disso, ampliar nossa unidade com os setores que estão ao nosso lado, para construir uma Frente de Esquerda. A tarefa que nos é colocada agora é a ousadia de um projeto classista, que lute contra a retirada de direitos, contra o conservadorismo do Congresso e contra os ataques dos governos.

Contra o ajuste fiscal! Não ao impeachment!

Nem golpismo, nem governismo. A saída é pela esquerda!

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Essa nota não reflete a posição aprovada pela maioria da diretoria do Sinditest-PR. Ela é assinada pelos seguintes diretores:

1. Ana Paula Oliveira – UTFPR Pato Branco
2. Anderson Spier Gomes – UFPR Curitiba
3. Belmiro Marcos Beloni – UTFPR Guarapuava
4. Bernardo Seixas Pilotto – UFPR/HC Curitiba
5. Carlos Augusto Pegurski – UTFPR Curitiba
6. Izabel Lima – UFPR Curitiba
7. Jaqueline Balthazar Silva – UFPR/HC Curitiba
8. José Luis Schöne – UTFPR Ponta Grossa
9. Luiz Alberto Cavalli (Beto) – UFPR Palotina
10. Luiz Fernando Mendes – UFPR Curitiba
11. Marcos Antonio Mateus – UFPR Curitiba
12. Mauricio Becher – UFPR/HC (FUNPAR) Curitiba
13. Maximo José Dias Colares – UFPR/HC Curitiba
14. Michele Luvison – UTFPR Apucarana
15. Renata Cristina Gotardo – UFPR Palotina
16. Weslei Trevisan Amancio – UTFPR Londrina
17. Youssef Ali – UFPR/HC Curitiba

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