No Brasil, não há democracia para os trabalhadores

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Um trabalhador morre a cada três horas no Brasil, vítima de acidentes ou doenças do trabalho. Cerca de 120 mil têm dedos amputados anualmente. De acordo com o IBGE, dois terços deles já ficaram no serviço mesmo doentes. “No ambiente de trabalho, ainda vivemos uma ditadura, a ditadura do capitalismo. Não há democracia nos locais de trabalho.”

A constatação é do setorial de saúde da CSP-Conlutas, no último dia do 2º Congresso Nacional da central, domingo, 07 de junho.

As trabalhadoras mulheres sofrem ainda mais, vítimas não só da opressão no trabalho mas também no ambiente doméstico. Estima-se que a cada duas horas em média uma mulher seja morta no Brasil por violência. A cada cinco minutos, uma é espancada. Em um ranking de 84 nações, o país é o sétimo que mais mata mulheres. Foram cinco mil casos de estupro apenas em 2012. Entre 2006 e 2010, os casos de violência contra a mulher aumentaram em 17 estados do Brasil.

Mas esses números são provavelmente subestimados, já que apenas 10% dos municípios brasileiros contam com Delegacias da Mulher. Menos ainda, só 1% têm casas-abrigo.

Mesmo diante desse quadro, o Governo Federal cortou em 2015 cerca de R$ 239 milhões que seriam destinados à Secretaria de Políticas para as Mulheres.

“É muito ruim vermos que temos uma mulher na Presidência, mas que ela não representa os interesses de nós mulheres”, assinalou Daniele Schusterschitz, operária da construção civil em Belém do Pará.

Por conta disso, o Movimento Mulheres em Luta (MML), filiado à CSP-Conlutas, lançou uma campanha que visa a destinar 1% do PIB para combater a violência contra a mulher.

LGBTs
A comunidade LGBT no Brasil vive em um ambiente igualmente hostil. Um gay, lésbica, bissexual ou transgênero é assassinado por dia no país. “São mortes com requintes de crueldade. Mortes por empalamento. Porque quando nos matam, não querem só nos matar. Querem que a gente desapareça da face da Terra”, discursou, no Congresso da CSP-Conlutas, o militante Carlos Daniel. “O espaço sindical, o espaço da esquerda, para os LGBTs ainda é um ambiente hostil”, reclamou ele.

Unidos
De acordo com Daniel, os casos de estupros de travestis em situação de rua por PMs são tão comuns quanto os cafés tomados e não pagos por policiais em padarias de bairro. “Quando matam mulheres, negros e LGBTs estão matando a nossa classe”, disse ele. “Nós mulheres não somos inimigas dos homens. O patrão é o nosso inimigo”, concordou Daniele.

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