Future-se autoriza entrada de planos de saúde nos hospitais universitários

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Além da perda da autonomia universitária, da precarização das condições de trabalho e da dissolução do tripé ensino-pesquisa-extensão, o Future-se pode resultar em outro grande retrocesso: a entrada dos planos privados nos hospitais universitários.

Isso porque a versão preliminar do projeto de lei do Future-se altera dois pontos da Lei 12.550/2011, que criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O texto propõe o fim da exclusividade do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento feito pelos hospitais universitários e autoriza que eles aceitem convênios com planos privados de saúde.

Mais uma vez, o governo Bolsonaro avança sobre os serviços públicos para entregá-los exclusivamente aos interesses do mercado.

Enquanto muitas pessoas ainda se apegam aos debates moralistas (criados como tática para enganar a população, para desviar a atenção dos assuntos que realmente importam), Bolsonaro vai colocando na prática aquilo que ele havia prometido durante a campanha: acabar com o serviço público e privilegiar a iniciativa privada.

Será realmente ruim?

São vários os perigos dessa medida. A abertura dos hospitais universitários para os planos de saúde criaria o modelo de “dupla porta”. Nele, os hospitais públicos passam a operar com dois sistemas de atendimento, um para o público e outro para o privado.

Esse modelo favorece a desigualdade nos serviços prestados nos hospitais, já que os pacientes amparados pelos planos de saúde privados geralmente têm prioridade no atendimento.

Os pacientes que dependem exclusivamente do SUS – 80% dos brasileiros – tendem a ficar em segundo plano. Em conjunto com os efeitos da Emenda Constitucional (EC) 95/2016, que congelou os investimentos em serviços públicos por 20 anos, a precariedade dos serviços ofertados pelo SUS é dada como certa.

Haverá também um prejuízo no atendimento à população. A tendência e que haja uma busca pela produtividade nos atendimentos: mais pessoas em menos tempo. Ou seja, atendimentos com menos qualidade.

Para a diretora do Sinditest-PR Rosmara Pereira, o projeto do governo Bolsonaro para a educação e para os hospitais universitários representa o aumento das desigualdades.

“Estamos diante de mais um ataque ao caráter público da educação e da saúde que vai criar ainda mais segmentação entre os trabalhadores do HC e os pacientes. Precisamos resistir a mais esse desmando”, alerta.

Fonte: Sinditest-PR

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