Assembleia Neoville: comunidade acadêmica diz não à transferência

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O recado para a gestão da UTFPR é claro: “não vamos nos mudar sem uma estrutura mínima para nos receber”. Tecnicos(as), professores(as), estudantes universitários e do Ensino Técnico lotaram o auditório do câmpus Curitiba na tarde da última quarta-feira, dia 21.

Na pauta da assembleia, convocada pelas quatro entidades representativas da instituição – Sinditest, DCE, GECEL e SINDUTF-PR – a mudança para a sede Neoville. O assunto é considerado prioritário para a administração do câmpus que, curiosamente, não enviou nenhum representante para a reunião.

O clima de incerteza e a falta de um pronunciamento oficial favorecem as conversas de corredor. A comunidade acadêmica reclama que o processo está sendo feito às escuras, de forma apressada, sem transparência e que ainda não há estrutura para receber os 850 docentes, 250 técnicos administrativos e cerca de 9 mil estudantes que deverão ser transferidos para o local. “Ninguém discute o futuro sem um plano mínimo e o que estamos vendo aqui são milhares de dúvidas e nenhuma resposta”.

Apesar da ausência da gestão, a movimentação de trabalhadores(as) e estudantes já surtiu efeito: uma reunião para discussão do assunto foi convocada pela direção e está marcada para a próxima segunda-feira, dia 26, às 14h30.

Além de uma carta cobrando esclarecimentos sobre o Neoville, a assembleia deliberou ainda uma nova reunião entre as quatro categorias, prevista para meados de agosto. Vale lembrar que o Sinditest já havia denunciado a situação da sede em uma edição especial do seu jornal, produzido especialmente para fomentar a mobilização dos técnicos e técnicas da instituição. Clique aqui e confira!

Falta de transparência

Quando iremos? Quem irá? Em que condições? Quem decide isso? Estas são apenas algumas das inúmeras dúvidas que afligem a comunidade acadêmica. “Estudante não é ouvido, não é escutado dentro dessa Universidade. O diálogo não é aberto e a gente sabe bem disso. É por isso que a gente chamou essa assembleia. Porque muito do que nós sabemos aqui hoje é conversa de corredor, é boato. Não temos nada oficial pra saber”, reclamaram os estudantes, que participaram ativamente do debate.

“Ficamos no achismo e na dúvida se vamos conseguir concluir a nossa graduação. Eu acho que as coisas não funcionam assim. A gente tá vendo o problema e como ele pode interferir na nossa vida. A gente tá vendo aqui uma Universidade lacaia do capital, lacaia das multinacionais e que não pensa no aluno…uma Universidade elitista! Convoco aos estudantes a entender o papel deles”, enfatizou um dos alunos presentes na assembleia.

Os técnicos e técnicas também questionam a gestão sobre o processo de mudança. O boato, reforçado pelas chefias, é que a transferência vai acontecer ainda este ano, em setembro, custe o que custar.  “Eles não estão preocupados com ninguém. A gente tem uma vida toda para articular e eles não estão nem aí!”.

Transporte

O ir e vir para o Neoville é o problema número 1 para a comunidade acadêmica. A questão do transporte público inviabiliza o acesso à Universidade para muitos alunos, principalmente para os moradores e moradoras da Região Metropolitana. “Essa prática da Universidade em não se preocupar com o estudante da RMC demonstra a falta de compromisso que a UTFPR tem com a gente”.

Na perspectiva de outro aluno, a  instituição delibera de forma elitista: “Eu não tenho condição de pagar duas ou três passagens para ir pra lá, eu vivo de iniciação científica. E os outros estudantes que moram longe? A gente não quer uma universidade que só os engravatados entrem, a gente quer uma Universidade do povo. Temos que pensar colocando combatividade nas questões”.

Cabe ressaltar que a falta de transporte público reflete diretamente na questão da evasão escolar.

Educação Física

Primeiros a sofrerem os impactos da transferência desestruturada, os alunos e alunas de educação física estão “penando” na nova sede. Não há RU, não há água potável, a cantina funciona precariamente e não há atendimento de urgência. “Já tivemos alunos que se acidentaram durante as aulas e o socorro demorou para chegar. Sem o atendimento de urgência o pior pode acontecer a qualquer momento”, denunciou um graduando.

Os(as) estudantes do curso também reforçaram a inflexibilidade da gestão: “A maioria dos alunos de Educação Física responderam um formulário dizendo não ao Neoville. Nós não fomos ouvidos e ninguém nos ajudou. Agora todos estão sentindo na pele o que acontece com a gente”.

Ministério Público

Uma das sugestões apresentadas pelos técnicos e técnicas foi formalizar uma denúncia para que o Ministério Público investigue o processo de compra e transferência para a sede Neoville. O assunto será discutido de forma mais profunda em uma próxima assembleia.

Silvia Cunha,
Assessoria de Comunicação e Imprensa Sinditest-PR

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