ARTIGO: “E Beto diz: os 5% que impus são inspirados no 5% de Dilma!”, por Bernado Pilotto

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Pode parece implicância, mas não é. Segundo o Blog Caixa Zero, o governador Beto Richa (PSDB) vai usar o governo Dilma (PT) como justificativa para a concessão de apenas 5% de reajuste salarial aos trabalhadores do serviço público estadual. É que, no âmbito do serviço público federal, o reajuste também foi de 5%, o que não cobre nem a inflação dos últimos 12 meses. E nem daria pra usar a atual crise financeira como justificativa: o reajuste de 5% em 2015 foi definido ao final da greve que a maior parte das categorias do funcionalismo federal fez em 2012.

E realmente as medidas do governo Dilma 
para com seus funcionários está trazendo muita inspiração a Beto. Em 2012, o Decreto 7.777, editado em 24 de julho de 2012 pela presidente, permitia que as atividades paralisadas pela greve pudessem ser realizadas por outros trabalhadores, como do funcionalismo estadual. Era uma clara afronta ao direito de greve, mas que não recebeu a reação que merecia (uma boa exceção foi o SindSaúde/PR). E o resultado estamos vendo agora: Beto Richa anunciou na última quinta-feira, 14 de maio, que vai contratar professores temporários para substituir os grevistas.

“Primeiro cortaram o ponto dos servidores federais. Mas eu era servidor estadual e não me importei.” O famoso poema atribuído (dizem que erradamente) a Bertold Brecht serve bem para explicar a situação atual. Muito foi feito contra os trabalhadores em nível federal. E poucas foram as ações de solidariedade. A reforma da previdência e a taxação de inativos promovida por Lula em 2003 é mais um exemplo. E agora tudo vem aplicado para o âmbito estadual. E essas “maldades” em nível federal são usadas como argumento para justificar as “maldades” de nível estadual, deixando a oposição parlamentar a Beto Richa sem muitos argumentos.

É um procedimento típico dessa disputa interminável e insuportável das torcidas petistas e tucanas. Estão autorizados a serem corruptos, afinal os outros foram mais. Estão autorizados a cortar direitos dos trabalhadores, afinal os outros iam fazer (ou fizeram) pior. Como disse o jornalista André Gonçalves, do Blog Conexão Brasília, está cada vez mais fácil acreditar que Dilma e Beto são do mesmo partido.

Mas esse cenário não pode servir para que aceitemos tudo ou para que corramos pra casa, achando que tudo está perdido. Tudo isso deve é nos inspirar a continuar lutando, com a certeza de que as possibilidades de construção de uma alternativa política verdadeira estão cada mais próximas. Vamos mostrar a Beto e Dilma que governante que concede reajuste de 5% merece 5% de aprovação popular.

Por Bernado Pilotto

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