Trabalhadores da UTFPR Curitiba questionam Direção sobre transferência para Neoville

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Segurança e transporte estão entre as principais incertezas dos trabalhadores e trabalhadoras da UTFPR Curitiba, diante da possibilidade, em 2018, da mudança do campus centro para o Neoville. Estas preocupações foram apresentadas ao diretor da Universidade Cezar Augusto Romano, durante reunião realizada no último dia 12.

O encontro entre dirigente, diretores do Sinditest e trabalhadores da UTFPR foi tenso, desde o início. O diretor Romano recebeu a comitiva de forma hostil, esbravejou contra o grupo dizendo que era “uma safadeza” a notícia veiculada pelo Sindicato da categoria, em que convoca a base para participar da reunião com a direção, questionar e apresentar demandas da classe.

O Sinditest reitera que o exercício de contestação é urgente e, sobretudo, indispensável. É atribuição do Sindicato analisar, pelo viés da perspectiva crítica, ações que impactam na rotina de trabalho dos técnicos e técnicas administrativos. Até o momento, nenhuma comissão para discutir o assunto foi oficialmente constituída pela direção da Universidade – reivindicação está aprovada em assembleia de base e também solicitada por membros da CIS.

Durante o debate, participantes relembraram problemas ocorridos durante a transferência de cursos para a sede Ecoville, que chegou a ficar 14 meses sem serviços telefônicos. A constituição do campus de Campo Mourão também foi citada como um exemplo negativo, marcado principalmente pela falta de planejamento. “Vai haver situações que ficaremos sabendo apenas na mudança”, alerta a instituição.

Quando indagado sobre os cortes de até 45% dos recursos previstos para investimentos nas universidades federais em 2017, Romano foi enfático: “o que se fala e o que acontece são coisas distintas. Não vamos ter menos recursos, o pior que pode acontecer é o orçamento atual mais a inflação. Contamos com recursos próprios que poderão dar conta do negócio”, garante.

Segundo a direção da UTFPR, a quitação da nova sede será concluída com o pagamento da última parcela prevista para o ano que vem. Confira abaixo os principais tópicos discutidos no encontro.

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Transporte

De acordo com o diretor da UTFPR, mais da metade dos estudantes da instituição utiliza transporte público para se deslocar até a universidade. Por isso, a questão dos meios de transporte é prioritária e preocupa os trabalhadores e trabalhadoras. Hoje, a sede Neoville é atendida pelas linhas de ônibus 623 e 627.

“Temos muito contato com as Secretarias Municipais. Curitiba está passando por uma mudança em seu Plano Diretor, que está sendo bastante modificado. Seremos beneficiados pelo ‘Cinturão do Conhecimento’, que irá do Ecoville até a Linha Verde. A ciclovia, embora precária, já existe e também há perspectiva de um projeto de binário na Rua Pedro Gusso ligando a rápida do Portão”, afirmou o diretor.

Enquanto isso não acontece, trabalhadores e trabalhadoras relatam demora e dificuldade de acesso ao câmpus por meio de transporte público.

Segurança

Romano foi bastante questionado quanto à segurança do câmpus.  “Existe uma insegurança social, não é a sede que é o problema.”  Segundo ele, a área da Universidade conta com vigilância motorizada 24 horas por dia, com acesso ao campus controlado via catraca. O diretor destaca a inauguração de um módulo policial nas proximidades da sede.

A situação do entorno, entretanto, é alarmante. Após o recente assassinato de um dos lideres do tráfico de drogas da região, moradores e transeuntes da Rua Pedro Gusso relataram à imprensa a imposição de ‘toque de recolher’ das 22h às 10h e o boicote das empresas de transporte à localidade. A informação foi confirmada pela URBS, que orientou os trabalhadores a evitarem a região sob a justificativa de não colocar passageiros e funcionários do transporte coletivo em risco.

Funcionários

Um dos assuntos polêmicos abordados durante a reunião foi o déficit no número de trabalhadores. Atualmente, segundo a Direção do Câmpus, a UTFPR Campus Curitiba conta com 1/3 dos servidores necessários para o seu funcionamento operacional pleno.  Segundo a direção da entidade, o projeto de mudança para a sede Neoville não contemplou o crescimento do corpo administrativo.

Aos trabalhadores e trabalhadoras, paira a dúvida sobre a distribuição das vagas. A justificativa institucional é a de que existe um projeto de remanejamento dos funcionários entre a Reitoria, o Ecoville e a nova sede. “No momento oportuno serão formalizados esses interesses. Em termos operacionais estamos imbuídos de crescer”.

Para os servidores e servidoras, o processo de transferência, da maneira como ocorre hoje, é burocrático, lento e não possui critérios claros.

Reitoria

O edifício onde hoje é a sede central do Câmpus Curitiba será integrado à reitoria da UTFPR. De acordo com a direção deste campus, todos os cursos da sede central serão gradualmente transferidos para a sede Neoville. No endereço atual permanecerão apenas as atividades universitárias autofinanciáveis, como cursos de extensão e de pós-graduação.

Neoville

Ainda não existe um projeto concreto para adequação da edificação da nova sede para as atividades universitárias. O layout será desenvolvido pelo corpo acadêmico da própria instituição. “Estamos estudando a readequação do espaço, como podemos aproximar geograficamente os cursos que possuem afinidades, inclusive as salas de aula.” Para Romano, o ambiente é adequado para as demandas estudantis.

Vale ressaltar que, apesar de já estar em funcionamento, a sede ainda não conta com alguns equipamentos básicos, como biblioteca e restaurante universitário.

Educação Física

Alunos do curso de Educação Física foram os primeiros a serem transferidos para a nova sede. Os estudantes ficarão sem acesso a biblioteca até o ano de 2018. Trabalhadores denunciaram o aumento no índice de evasão do curso. “Os acadêmicos estão pedindo cancelamento do curso por falta de estrutura e dificuldades de deslocamento.”

Segundo o diretor, este é um processo que vai acontecer. “Tem pessoas que são beneficiadas e outras prejudicadas”, finaliza.

Silvia Cunha,

Assessoria de Comunicação e Imprensa do Sinditest-PR.

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