Próximos dias serão decisivos e greve pode obter vitórias reais, avaliam servidores

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bernardopilotto638Pilotto: “Estamos falando de uma greve com possibilidade de vitória real”.

Os próximos 20 dias de greve devem ser decisivos para definir o sucesso do movimento em 2015. Há chances reais de se obter compromissos inéditos do governo federal, que no momento encontra-se acuado por uma crise política. A avaliação foi feita por vários servidores da educação federal em assembleia na manhã desta terça-feira, 14, no RU Central da UFPR.

De acordo com os grevistas, um sinal disso foi o recuo do Ministério do Planejamento na última reunião de negociação, que aconteceu em Brasília no dia 07 dejulho. “Nas últimas greves, o governo havia demorado pelo menos 60 dias só para nos receber”, destacou Bernardo Pilotto, servidor do Hospital de Clínicas da UFPR que compõe o comando local de greve. “Agora, com 45 dias de paralisação, o governo não só já fez uma proposta, como aceitou discuti-la e melhorá-la.”

A primeira oferta previa um reajuste salarial de 21,3% parcelado em quatro anos. Na reunião do início do mês, o Executivo aceitou rever o índice e diminuir o parcelamento. Sinalizou também que pode discutir os benefícios e pautas específicas da categoria.

O maior avanço, contudo, foi ter aberto o debate sobre uma demanda história dos técnicos administrativos: a instituição de uma data-base. É a primeira vez que o governo insinua isso.

Na avaliação dos técnicos, o recuo governamental se deve, em grande parte, à realização da Caravana da Educação, que reuniu cinco mil pessoas em Brasília para acompanhar de perto a rodada de negociações. “A caravana cumpriu seu objetivo político”, analisou Carlos Pegurski, da UTFPR. “O governo sabia que se se mostrasse intransigente no dia 07, no outro dia, às cinco da manhã, a gente ia fazer uma visita pro ministro”, brincou.

A tarefa agora é intensificar as atividades de greve nos próximos dias, quando vão acontecer novas rodadas de negociação. O Ministério do Planejamento deve chamar para o próximo dia 21 uma reunião com o movimento grevista. Na mesma data, atos de rua estão programados por todo o país. “Estamos falando de uma greve com possibilidade de vitória real. Cada um precisa sair daqui [da assembleia]e contar isso para o colega que está indeciso, que acha que não vai ganhar nada. Esse é o momento”, pediu Pilotto.

Para os servidores da UFPR, este também é o momento de pressionar a reitoria pela pauta local, que inclui a revogação do ponto eletrônico, instituído recentemente pela universidade, e a consolidação da jornada de 30 horas. “Ou a gente garante as 30 horas sem ponto eletrônico durante a greve ou todo mundo vai sair dela batendo cartão”, definiu Carla Cobalchini, diretora do Sinditest-PR.

De acordo com ela, que participou das duas reuniões que até agora discutiram a pauta na universidade, a postura da reitoria tem sido de intransigência. “Eles precisam ser convencidos na base da força. E o que é convencer na base da força? É mostrar que a gente tem bala na agulha, que não vamos abaixar a cabeça.”votacaoanimada638
Resolução 56/11

O comando local de greve apresentou na assembleia desta terça as proposta para melhorar a resolução 56/11, que instituiu a jornada de 30 horas na UFPR. A nova redação foi aprovada e deve ser colocada na mesa na próxima reunião do Conselho Universitário, no dia 30.

Dentre as alterações, estão a retirada da resolução da menção explícita ao ponto eletrônico e da proibição das 30 horas para servidores que exercem função gratificada. Os servidores também reivindicam que a jornada flexibilizada seja uma política de toda a universidade e não precise ser submetida a cada departamento. Uma nota técnica emitida pela Fasubra, baseada no decreto 15/90, servirá de base para essa argumentação.

Judicialização da greve
Na segunda, 13, o Ministério Público deu um ultimato de 72 horas para que 100% das UTIs do HC voltem a funcionar, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, tanto para o Sinditest-PR quanto para o hospital. Por conta disso, a direção do sindicato está elaborando uma lista de servidores que não aderiram à greve e estão dispostos a fazer o Adicional de Plantão Hospitalar (APH) e com isso manter as unidades em funcionamento. “Vamos garantir o direito de greve dos companheiros que querem fazer greve, mas também vamos atender à Justiça”, garantiu José Carlos Assis, do Sinditest-PR.

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Segundo Monn, HC tem leitos prontos para funcionar e parados há anos. “Mas, fora da greve, o MP não vê isso.”

Na assembleia, o também diretor do sindicato e servidor do HC Giuliano Monn fez um desabafo. Segundo ele, há seis anos o HC tem uma UTI de dez leitos equipada e pronta para funcionar, mas que está fechada. Na UTI Cardíaca, com capacidade para 12 leitos, apenas seis funcionam. “Mas, fora da greve, o MP não vê isso”, reclamou. “É muito fácil apontar o dedo pra mim e dizer que eu sou um profissional relapso, que as pessoas estão sem atendimento por minha causa. Eu preferia não precisar fazer greve. As pessoas não estão sem atendimento por minha causa ou de meus companheiros. Irresponsáveis são o governo e as chefias”, desabafou Monn.

Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR.

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