Polícia Federal indicia dez médicos por receberem sem trabalhar no HC

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Em coletiva, PF informou que médicos recebiam de R$ 5 a 20 mil por mês.

Dez médicos do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR foram indiciados na tarde desta quinta-feira (25) na sede da Superintendência da Polícia Federal pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, abandono de função pública e prevaricação. Segundo as investigações da PF, os médicos recebiam de R$ 5 a R$ 20 mil por mês, mas, mesmo com jornadas de 20 a 40 horas semanais, pouco apareciam para dar expediente no hospital. “Tem caso de médico que nunca aparecia. Há mais de um ano não trabalhava no HC”, informou em coletiva o delegado Maurício de Brito Todeschini, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros do Paraná. “Outros compareciam dois dias no mês, outros cinco dias e ficavam por cinco minutos.” No geral, a média de comparecimento ficava em torno de 7%.

A PF não divulgou o nome dos indiciados, apenas suas especialidades: ultrassonografia, radioterapia, radiologia, clínica médica, transplante de medula óssea, nefrologia, cirurgia torácica e cardiovascular e ginecologia. A fila de espera para cirurgias cardiovasculares, por exemplo, atualmente ultrapassa dos mil dias no HC.

A fraude acontecia por meio de anotações falsas no cartão-ponto. De acordo com a PF, existe a possibilidade de envolvimento no esquema de chefes administrativos do hospital. Por ora, no entanto, nenhum deles foi indiciado. Sete foram convidados pela polícia a prestar esclarecimentos. Agora, a PF pretende avaliar o nível de responsabilidade da gestão do hospital.

Investigação
A investigação foi iniciada pela Controladoria-Geral da União (CGU), que levantou dados a partir de 2010 e constatou a “baixa produtividade” de alguns médicos. Para tanto, cruzou dados do Serviço de Informações Hospitalares com cartões-ponto e registros de catracas, além de apurar os vínculos que os investigados mantinham com outras clínicas ou hospitais. “Alguns deles apareciam como proprietários ou empregados em seis ou sete locais. Não há como estar em todos eles”, explicou Moacir Rodrigues de Oliveira, chefe regional da CGU.

Não é possível saber desde quando a fraude funcionava, mas, de acordo com a PF, alguns médicos indiciados são funcionários do HC há cerca de 25 anos.

Os dez indiciados correspondem aos casos mais graves apurados por CGU e Polícia Federal. A partir de agora, as investigações devem ser ampliadas.

A PF solicitou o afastamento das funções dos envolvidos, mas o pedido foi negado pela Justiça. Os médicos seguem na folha de pagamento do HC.

Problema de gestão
Para o chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, Igor Romário de Paulo, a operação desta quinta-feira pode explicar, em parte, as dificuldades pelas quais passa o Hospital das Clínicas. “Temos enfrentado notícias a esse respeito. Pode não ser uma limitação do hospital, mas um problema de gestão”, avaliou.

Sandoval Matheus
Assessoria de imprensa do Sinditest

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