Livro ‘Horta Urbana com Ação Agroecológica e Ecopedagógica’ impulsiona debate sobre sustentabilidade na UFPR

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Lançado recentemente, “Horta Urbana com Ação Agroecológica e Ecopedagógica” busca estimular a adoção de alternativas voltadas à humanização, promovendo a interação entre a consciência do meio ambiente e as complexas manifestações da sociedade e da natureza humana. O livro, de autoria da Assistente em Administração Joyce Niagla Paulino, filiada ao Sinditest-PR lotada no Campus Pontal do Paraná (CEM), faz parte da Coleção Emancipação Metamorfose e Vida e confirma a vocação para a produção científica da nossa categoria.

Coordenadora Elis Regina Ribas.

“Na última semana, durante a Jornada de Agroecologia, promovida pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), conseguimos reunir na Universidade mais de 60 organizações, movimentos sociais e populares, coletivos e instituições de ensino em torno deste tema. A obra da Joyce reforça a urgência de discutir a questão ambiental sob outra perspectiva”, afirma a coordenadora Elis Regina Ribas.

Em “Horta Urbana”, a concepção de sustentabilidade se alinha à cooperação, beleza e liberdade, inspirada nas ideias de Paulo Freire e Chico Mendes. Confira abaixo a entrevista na íntegra!

Sinditest-PR | Você poderia comentar sobre seu livro “Horta Urbana com Ação Agroecológica e Ecopedagógica”? Do que trata? Como surgiu a ideia?

Joyce Niagla Paulino.

Joyce Niagla Paulino | O livro “Horta Urbana com Ação Agroecológica e Ecopedagógica” fala sobre a importância das hortas urbanas e periurbanas para a segurança alimentar, a sustentabilidade e a educação ambiental. A ideia do livro surgiu da minha pesquisa de mestrado, que abordou a construção de uma política pública de agricultura urbana no município de Pontal do Paraná.

Esse livro faz parte da Coleção Emancipação Metamorfose e Vida, que conta com um total de doze livros publicados. É uma coleção de livros/propostas que estimula a adoção de alternativas que remetem à humanização, como interação entre a consciência do local em que as pessoas atuam (meio ambiente) e as complexas manifestações próprias da dimensão de sociedade e natureza humana, carregadas de objetividades e subjetividades, as quais caracterizam processo em permanente transitividade.

A dimensão política e ideológica da coleção remete à condição de reconhecer que viver implica em responsabilidades amparadas em virtudes que promovam a humanização, na complexidade dos sistemas vitais. Nessa perspectiva, os textos pretendem estimular cada leitor a buscar na história social da qual é protagonista, as situações e possibilidades com as quais cada um, no seu coletivo, reconhece-se dotado das prerrogativas ontológicas inerentes à condição de ser, com liberdade e autonomia, capacitado a ler o mundo como nos estimula Paulo Freire.

Esta proposição freiriana revitaliza a concepção de sustentabilidade como processo que valoriza e prima pelas condições planetárias amparadas no ideal pautado por Chico Mendes, ao propagar essa expressão como referencial de interação do potencial vital planetário e as necessidades vitais dos humanos. Assim, sustentabilidade é compreendida como processo focado na cooperação, na beleza e na liberdade, e nessas obras pretende-se argumentar que a vida se manifesta como sucessivas e concomitantes metamorfoses amparadas em liberdade e autonomia, valorizando aspectos que se mostrem inusitados e surpreendentes.

Sinditest-PR | Qual a importância das hortas urbanas? E quais são os impactos sociais/ambientais?

Joyce Niagla Paulino | A horta urbana é importante por diversos motivos. Ela contribui para a segurança alimentar, promove a sustentabilidade ao reduzir a pegada de carbono associada ao transporte de alimentos e permite o acesso a produtos frescos e saudáveis. Além disso, as hortas urbanas fomentam o senso de comunidade, a educação ambiental e a conexão das pessoas com a natureza em ambientes urbanos.

O livro traz os resultados obtidos na minha dissertação de mestrado em Ciências Ambientais pelo PROFCIAMB UFPR; traz também a trajetória da construção de uma política pública através da força popular. A pesquisa foi desenvolvida no município de Pontal do Paraná e com a movimentação e participação da população foi possível elaborar e aprovar LEI nº 2.415, DE 20 DE ABRIL DE 2023, que “Institui Política Municipal de Agricultura Urbana e Periurbana no âmbito do Município de Pontal do Paraná.” Essa lei demonstra o poder do coletivo nas tomadas de decisões e é um avanço muito positivo para promoção da soberania alimentar.

A importância do projeto de lei é que ele estabelece um vínculo institucional da comunidade com a prefeitura, ao estabelecer um recurso jurídico, que garante direitos à população. Com a criação da lei, foi possível estabelecer diálogo com a prefeitura e suas respectivas secretarias para haver um espaço adequado de cultivo de alimentos, com a participação direta, por meio de fornecimento de materiais necessários, capacitação dos voluntários e colaboradores e a correta distribuição dos insumos.

Sinditest-PR | Como você explica o que é ecopedagogia e como viabilizá-la no dia a dia?

Joyce Niagla Paulino | A ecopedagogia é baseada na Fenomenologia do Ser Planetário, com os princípios do pertencimento, reconhecimento e representação da consciência e responsabilidade das ações, de forma a favorecer a vida como bem maior da existência planetária. Ela diz muito sobre como se reconhecer como sujeito autônomo e protagonista da sua vida. É claro que para ser um sujeito consciente em processo de simbiose com o seu espaço, é necessário que a educação seja atrelada à vivência, que o que se aprende na academia seja parte do seu cotidiano, que tenha influência na sua vida e no coletivo que você pertence. E ecopedagogia é essa consciência que se fundamenta na pedagogia de Paulo freire que pressupõe a leitura de mundo como anteparo da leitura do que está grafado e estimula a percepção de mundo e planeta como processo permanente de interações que se mostram inacabadas, incompletas e inconclusas. Podemos compreender a ecopedagogia como uma abordagem educacional que busca promover a consciência ambiental e a sustentabilidade. Ela se baseia na ideia de que todos somos seres planetários e que temos a responsabilidade de cuidar do nosso planeta e pode ser viabilizada no dia a dia por meio de ações simples, como a redução do consumo de recursos naturais, a reciclagem e a compostagem.

Sinditest-PR | O que a UFPR faz nesse sentido? Qual a postura da universidade em relação a agroecologia e ecopedagogia: há alguma iniciativa ou política na instituição?

Joyce Niagla Paulino | Acredito que o principal é dar visibilidade ao tema. Hoje a universidade mantém o curso de agroecologia e tem grupos de pesquisa voltados à temática da agricultura urbana, faz parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras – MST, comunidades do campo, ribeirinhos, indígenas e quilombolas. Acredito que em especial o Setor Litoral busca sempre ações efetivas para manter o espaço disponível para que haja envolvimento e participação da comunidade acadêmica com a sociedade e que essas relações tragam resultados positivos. O propósito deste livro, é constituir-se como um processo devolutivo à sociedade brasileira, que viabilizou, por meio da universidade pública e gratuita, a realização das pesquisas que fundamentam esta obra.

Sinditest-PR | Pode ficar à vontade para comentar algo que não tenha sido mencionado, e você julgue importante/necessário, ok!?

Joyce Niagla Paulino | Gostaria apenas de agradecer a dois grandes educadores o Coordenador da Coleção Prof. Dr. Ernesto Jacob Kein e meu orientador de mestrado Prof. Dr. Manoel Flores Lesama.

 

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Autor

Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR

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