Combate ao racismo é tema de assembleia de greve

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A origem das opressões contra o povo negro e especialmente contra a mulher negra, o histórico de luta e resistência e as perspectivas de futuro da questão racial foram discutidas na assembleia geral da manhã desta sexta-feira (24), no pátio da Reitoria da UFPR. A convidada de Porto Alegre-RS Morgana Benevenuto, do Movimento Negro, falou sobre o tema para a base do Sinditest na semana da Consciência Negra.

A militante explicou que ideias vieram a criar o conceito de que algumas etnias – negra e indígena – eram inferiores a outras – a branca. No século XIX, intelectuais europeus difundiram o mito de que a mistura de raças produziria perturbações mentais, gerando uma espécie incapaz, que degeneraria a humanidade civilizada.

Com base nisso, o desaparecimento – e mesmo o extermínio, através do genocídio – da população negra foi incentivado, por meio de políticas de embranquecimento. Criou-se também um contrato social que determinava que indivíduos “inferiores” não fossem iguais aos brancos perante a lei, e deveriam ser ajustados pela repressão e pela segregação racial.

Essas ideias foram utilizadas como forma de justificar a violência contra o povo negro. No Brasil, particularmente, surgiu o mito da democracia racial, defendido por Gilberto Freyre, segundo o qual a mistura de portugueses “benevolentes” com escravos africanos “dóceis” dera origem à cordialidade do povo brasileiro. Sua teoria de mestiçagem defende que a miscigenação se deu de forma natural e consentida, camuflando o fato de que muitas escravas eram estupradas por seus senhores de engenho.

Só a luta muda a vida

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As cotas raciais, afirmou Morgana, foram uma vitória do movimento negro brasileiro – e não uma benevolência do governo –, que desde os tempos de Zumbi e Dandara, líderes da resistência quilombola, luta contra a desigualdade e o racismo. No entanto, essa política pública é limitada, já que contempla apenas pessoas negras que estudaram em escolas públicas. Na visão da militante, as cotas deveriam beneficiar toda a população negra, como reparação histórica pelos quase 400 anos de escravidão.

O povo negro se organiza hoje em diversos coletivos e setoriais de entidades sindicais e sociais para combater a opressão. Exemplos de luta são a Marcha do Orgulho Crespo, realizada em Curitiba no dia 18 de novembro, e a própria semana da Consciência Negra, que teve diversas atividades em todo o Brasil. Em 25 de novembro, tem-se o a Dia Latinoamericano e Caribenho de luta contra a violência à mulher, no qual a presença das mulheres negras é massiva.

Inclusive são elas, as mulheres negras, as principais vítimas da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência, por ocupar em maior número os postos de emprego mais precarizados – os terceirizados. É este segmento da população que mais irá sofrer com as mudanças na CLT e ter mais dificuldades para se aposentar.

As perspectivas de futuro diante do avanço da extrema direita, com Jair Bolsonaro como pré-candidato à presidência são preocupantes. Negros e negras são as principais vítimas da violência no país, quadro que tende a piorar se ideias como “bandido bom é bandido morto” e a redução da maioridade penal entrarem em vigor. Por tudo isso, é de fundamental importância abordar o tema racial nos espaços de organização da classe trabalhadora e somar a luta contra o racismo às pautas dos movimentos sociais e sindicais.

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Atividades de greve

Enquanto parte dos trabalhadores e trabalhadores estará em Brasília participando do ato nacional, o Comando Local de Greve realizará umaassembleia para aprovação da adesão à greve geral do dia 05/12, na terça-feira (28), no pátio da Reitoria, com primeira chamada às 9h30 e segunda chamada às 10h.

Na quarta-feira (29), às 10h, o movimento Vamos, oriundo da Frente Povo Sem Medo, realizará um seminário programático sobre democratização da educação, na escadaria da praça Santos Andrade.

E na sexta-feira (1º), será realizada mais uma assembleia de greve, com a avaliação da caravana a Brasília, no pátio da Reitoria, às 9h30/10h.

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