10 questões que você deve saber sobre a Reforma Administrativa

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*Por Cacau Pereira

  1. O Brasil tem um número alto de servidores públicos?

Não. O Brasil tem cerca de 12% de sua força de trabalho no poder público, o que equivale a 5,5% da população. A média dos 32 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 21%, bem maior do que no Brasil.

  1. O serviço público no Brasil está inchado? Tem muito servidor?

Não. Na verdade, faltam servidores em diversas áreas como a saúde, o INSS, na fiscalização, dentre outras. Quem vai ao posto do INSS sabe da dificuldade para ser atendido. E tem muitos setores com mão de obra terceirizada, como nos postos de saúde.

 

  1. Os servidores ganham muito acima da população?

Não. A grande maioria tem salários baixos. O governo fez um censo em 2018 e apurou que um servidor municipal ganha R$ 2.150,00 em média, por mês. Um servidor estadual ganha cerca de R$ 4.150,00 e um servidor federal ganha em média R$ 6.500,00. Na conta dos federais estão incluídos os que ganham mais, como os juízes e políticos. Mesmo assim, a média não é alta.

  1. Os servidores atuais serão afetados pela PEC?

Sim. Os servidores atuais serão muito afetados. A PEC permite a extinção e transformação de cargos, o fim de gratificações e funções. Também dá autorização para o Executivo acabar com autarquias e fundações. Com isso, o Ibama, Incra, Anvisa, Funai e ICMBIO, dentre outros órgãos, correm risco de serem extintos. O remanejamento desses servidores ficará nas mãos do governo.

  1. A PEC ameaça o emprego dos atuais servidores?

Sim. Está prevista uma regulamentação da demissão por insuficiência de desempenho. As perseguições tem sido a tônica deste governo, que chegou a vasculhar a vida de servidores e criar dossiês. Além disso, a PEC cria impedimentos para o acúmulo de cargos, mesmo fora do serviço público.

  1. A estabilidade no emprego não é um privilégio?

Não. Até 1966, todos os trabalhadores alcançavam a estabilidade no emprego depois de 10 anos de serviço, no Brasil. A ditadura militar acabou com esse direito e criou o fundo de garantia por tempo de serviço no setor privado, possibilitando ao patrão demitir quando quisesse. O servidor público não tem direito ao FGTS, como o trabalhador de carteira assinada. São regimes de trabalho diferentes.

  1. Por que o servidor público deve ter direito à estabilidade?

O servidor só entra no serviço público depois de ser aprovado num concurso e precisa cumprir o estágio probatório para ser efetivado. A estabilidade garante que o servidor possa desenvolver sua função sem ser perseguido. Ele deve zelar pelo serviço público e denunciar, se souber de desvios, corrupção ou outras improbidades. O servidor é do povo. Não é do político que está no poder. Por isso ele precisa ter essa garantia para não ser perseguido.

  1. Então o servidor nunca pode ser demitido?

Não é verdade. O servidor pode ser demitido e perder o cargo. Não é verdade que a estabilidade é absoluta. Ele poderá ser desligado por uma decisão judicial e também por processo administrativo disciplinar, se incorrer em alguma falta que justifique a decisão. Também está prevista a demissão por insuficiência de desempenho.

  1. Quais são as situações em que o servidor pode perder o emprego?

A legislação prevê a perda do emprego nos seguintes casos: crime contra a administração pública; abandono de cargo; faltar habitual ao trabalho; improbidade administrativa; incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; insubordinação grave em serviço; ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outra pessoa; aplicação irregular de dinheiro público; revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; corrupção; acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; valer-se do cargo para obter vantagens pessoais; utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares. Está tudo na Lei 8.112/90.

  1. O servidor tem muitos direitos, como férias de 60 dias, aumentos obrigatórios e auxílio moradia?

Não. Isso é mentira. Os juízes é que tem regalias como férias em dobro e auxílio moradia. A maioria dos servidores não tem e estão sem aumento há 6 anos. O que acontece hoje no Brasil é que os direitos de todos os trabalhadores estão sendo retirados. A maioria trabalha sem carteira e sem direitos.  O atual governo pretende submeter todo mundo a esse regime de semiescravidão, sem direitos, sem salário fixo, sem jornada de trabalho.

**Cacau Pereira é advogado com especialização em Direito Público, Mestre em Educação e pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

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Autor

Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR

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