Técnico da UFPR recebe apoio após ser vítima de panfleto homofóbico

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O técnico administrativo da UFPR Bruno Banzato e seu marido, o jornalista João Pedro Schonarth, receberam a solidariedade de amigos, familiares e desconhecidos em protesto realizado sábado (15), no Água Verde, em Curitiba. O casal foi vítima de um crime homofóbico no bairro para a qual irão se mudar. Panfletos contendo mensagens de ódio a homossexuais foram espalhados pela vizinhança, na última quinta-feira (13), e o local onde residirão foi divulgado como “o endereço da baixaria”.

Com fotos de casais gays aleatórios, os panfletos continham os dizeres: “Em breve, a sua rua será mais ‘alegre’! Todos os dias nos passeios matinais ou dos finais das tardes terá a visão para inspirar e influenciar toda a vizinhança, você, seus filhos, seus netos e amigos. E se fazem isso em público, imaginem o que fazem quando estão a sós ou com os amigos mais próximos ou com as pessoas mais próximas a você. Gostou das boas notícias?”

Tamanho foi o impacto causado pelo crime que Bruno tem dificuldades de explicar o que ele e seu marido sentiram. “A gente ficou abismado, chocado, jamais esperávamos uma coisa dessas. É como se dissessem que a gente não deveria existir, como se precisássemos pedir autorização para morar em determinado local, como se precisássemos ser aceitos. As pessoas podem não aceitar e não concordar com a nossa orientação sexual, mas nós temos direito à cidade”, afirmou o técnico.

Sabotagem

Antes dos panfletos serem espalhados, o casal havia sido vítima de uma sabotagem. Uma mangueira foi colocada na tubulação do ar condicionado e alagou o imóvel, ainda em fase de obras. “Como o piso é de madeira, vai ter que ser recuperado. Além do abalo moral e psicológico, ainda tivemos prejuízo material. Nós desconfiávamos que pudesse ter sido um ato homofóbico, mas não podíamos afirmar. Com os panfletos, ficou claro.”

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Foto: Brasil de Fato Paraná

Após o episódio, o casal recebeu uma onda de solidariedade. Muitos(as) amigos(as) e conhecidos(as) manifestaram seu apoio pelas redes sociais, e foi organizado um protesto no bairro em repúdio à homofobia. No último sábado (15), a Praça Guanabara, no Água Verde, recebeu uma ato de empatia às vítimas. “Vimos que o caso saiu da bolha LGBT e atingiu a sociedade em geral. Desconhecidos(as) e vizinhos(as) nos procuraram e disseram que somos bem-vindos, que aquele crime não reflete o pensamento da comunidade”, afirma Bruno.

Bruno e João Pedro mantêm os planos, se mudarão para a casa que constroem desde julho de 2016 e estão no processo de adoção de uma criança.

Política sindical

O coordenador de Combate às Opressões do Sinditest, Anderson Spier, ressalta que desde a última reforma estatutária o Sindicato conta com uma coordenação específica de Combate às Opressões, contra o machismo, o racismo e a homolesbotransfobia. “A partir dessa mudança, temos, por dever, nos posicionar enquanto gestão e ficar atentos a todos os atos de homofobia que vierem a acontecer com a nossa base, além de sermos solidários com outros casos similares na sociedade.”

O coordenador lembra que Curitiba – ainda que seja considerada uma capital desenvolvida – é a cidade que mais mata travestis e transexuais no país, e é palco de ataques de skinheads que mostram com violência explícita sua intolerância às diferenças. “Episódios como esse do panfleto nos escandalizam, mas ao mesmo tempo dão o mote para continuarmos a luta. Temos que enfrentar o conservadorismo e o discurso, inclusive sustentado por entidades religiosas, de que a homossexualidade é anormal. Por isso precisamos de educação de gênero e sexualidade nas escolas e de um Estado realmente laico.”

A Coordenação de Combate às Opressões está aberta a receber qualquer tipo de pedido de ajuda ou dúvidas, e dará encaminhamentos e esclarecimentos a qualquer denúncia de crime homofóbico cometido em ambiente de trabalho.

Luisa Nucada,
Assessoria de Comunicação e Imprensa do Sinditest-PR.

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