O racismo está bem perto. E os negros, onde estão?

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Quantos amigos negros você tem?

Quantos médicos negros já te atenderam?

Seu professor, sua professora, são negros?

Quantos TAEs são negros?

Você, branco, já tomou uma geral da PM “só” por causa da sua cor?

Quantos jornalistas negros noticiam o genocídio do povo negro?

E quantos advogados negros defendem a majoritária população carcerária negra?

Além disso, quantos prefeitos, vereadores, deputados, governadores, presidentes, negros, lutam pelo fim do racismo estrutural no Brasil?

Pare tudo! Faça o seguinte:

Deixe ecoar os tambores vindos da África. Nele uma lembrança: é 20 de novembro, “Dia da Consciência Negra”.

Dizem que essa data reconhece o líder Zumbi e a luta dos negros por liberdade no Quilombo dos Palmares.

Porém, não há muito o que celebrar.

Foi nessa data que Zumbi morreu, em 1695. E só em 2003 ela foi incluída no calendário escolar nacional pela Lei 10.639. Depois, em 2011, com a Lei 12.519, Dilma Rousseff instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Mas há algo para celebrar? Em quantos aniversários de negros em lugares descolados ou chiques você foi?

Você já julgou uma pessoa “suspeita” por que ela se parecia com um “mano”?

Precisa parecer?

Não se esqueça, as agressões aos cubanos eram porque eles se “pareciam com médicos”, mas “infelizmente” eram negros! “Volta para senzala”, gritavam médicos brasileiros de uma elite historicamente racista.

Não viremos as costas, o Brasil é racista, sim. Ainda há a Casagrande e a Senzala.

Um é lugar de branco e o outro de preto. Essa é a polarização no Brasil.

E os tambores voltam a ecoar. Dessa vez, eles vêm da população carcerária, majoritariamente negra.

São lágrimas da pobreza, do genocídio praticado pelas forças do estado e dos crimes de ódio deliberados. Eles não assombram 2019, eles são 2019. Um ano da legitimação de um racista no poder.

Afinal, é o presidente da República que mede os negros dos quilombos em arroba. Certo?

Não posso negar, as vezes penso que é a morte o caminho mais fácil para acabar com tanto sofrimento. Mas a palavra “fácil” não entra nesse contexto.

Nada é fácil para mulheres, crianças, jovens e adultos negros; todos guerreiros que carregam uma herança: sonhar com liberdade.

Pois a escravidão ainda existe. Serão os negros os últimos a se aposentar. Também são os eles os que têm os primeiros trabalhos precarizados.

Acorde!

Não importa sua cor, apenas abra seus tímpanos e deixe os tambores vindos da África entrar.

Pode ser na calada da noite ou numa manhã qualquer. Basta deixar o som passar, soar no ouvido e no coração.

Você pode senti-lo. Ele está nos semáforos ou deitado embaixo das marquises.

Afinal, essa é a verdade, ou você acha que esse texto sensibilizará alguém?

Em pleno 2019?

Esse é o ano em que o racismo no futebol voltou com força total. E no “país do futebol”, quantos treinadores negros você conhece?

Enfim, novamente soam os tambores.

É o canto de guerra que ecoou na floresta, há séculos, mas que hoje é mais um triste lamento.

Seja no chão batido ou no asfalto, é a cultura africana que continua sendo usurpada dentro de um país multicultural.

Está tudo invertido. Hoje levam a capoeira para dentro do quilombo, porque a tiraram de lá.

E a culpa de tudo isso é nossa, por não sermos antirracistas o suficiente.

Enfim…

Faça o seguinte: encare os tambores como um alerta. Eles estão nos avisando que a escravidão está aí.

Deixe os tambores vindos da África despertar a consciência negra que ainda não há em você.

Uma hora o chamado vai chegar…

“Zumbi, bateu no tombo e correu no chão

De dentro pra fora, de fora pra dentro

Onde o pensamento apareceu

Pela primeira vez no mesmo lugar”.

 

Fonte: Sinditest-PR

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