Direção dos Correios e governo Temer aprovam o fechamento de 513 agências e a demissão de 5.300 funcionários

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* Por Jacó Almeida

Nesta semana foi divulgada pela imprensa a notícia do fechamento de mais de 500 agências dos Correios e a demissão em massa de pelo menos 5.300 funcionários concursados. Esta decisão faz parte de um projeto muito maior de destruição da empresa pública de maior confiabilidade do povo brasileiro e que ainda hoje presta um bom serviço a população.

Para justificar a sua privatização, o Governo Temer e os dirigentes dos Correios indicados por ele seguem à risca o processo de desmonte. O fechamento das agências é apenas uma das várias medidas destrutivas.

A direção dos Correios, indicada em sua maioria por correligionários do PSD de Kassab, já decidiu acabar com o cargo de Operador de Triagem: mais de 14 mil funcionários serão substituídos por trabalhadores terceirizados. Acabaram também com a entrega diária de correspondências, implantando a entrega alternada. Em algumas cidades a entrega pode passar a ser apenas uma vez por semana. Com isso pretendem diminuir em mais de 16 mil o número de carteiros em todo o país. Também foi feita uma reestruturação no setor administrativo, onde centenas de trabalhadores foram postos à disposição para serem demitidos. Somam-se a essas medidas os fechamentos em todo o país de vários centros de triagem, agências e centros de distribuição.

Demissões já vêm acontecendo há vários anos

Há muitos anos não se realiza Concurso Público nos Correios. No entanto, no mesmo período já foram abertos pelo menos cinco  PDVs, que já somam mais de 19 mil funcionários demitidos.

Os Correios tinham, há cinco anos, 126 mil funcionários(as). Hoje a empresa tem um pouco mais de 106 mil. O Governo e direção pretendem diminuir ainda mais este contingente para no máximo 60 mil. Ou seja, as demissões podem passar e muito dos 5.300 que estão anunciando. Eles também pretendem fechar muito mais do que 500 agências – estima-se que serão mais de duas mil, substituídas por agências privadas franqueadas.

Se formos fazer as contas mais de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras já estão na mira da demissão. Isso tudo é um verdadeiro crime contra os Correios, uma empresa de mais de 350 anos, que sempre prestou um excelente serviço a população e que agora vê um governo que é fruto de um golpe destruindo o patrimônio público que pertence aos brasileiros.

Ataques

Os ataques começaram a ser preparados já no segundo mandato do Lula, quando foi formado um grupo de trabalho para estudar a reestruturação dos Correios. Este estudo foi a base para que Dilma, já no seu primeiro mandato, editasse a medida provisória 532, lei 12490, que transformou os Correios em S/A e abriu a possibilidade de criação de subsidiárias, além  de parcerias com outras empresas.

Esta legislação alterou ainda o fundo de pensão dos funcionários e o plano de saúde –  a criação de uma caixa de assistência à saúde  gerou aumento do descontrole do plano que anteriormente era administrado pelo RH dos Correios. Todas estas alterações facilitaram para que o governo golpista de Temer tivesse as ferramentas para fazer este feroz ataque nos direitos conquistados pelos trabalhadores.

Todo este ataque vem com a desculpa de que a empresa esta passando por dificuldades financeiras. Esta informação é leviana e mentirosa. Os Correios nos últimos 15 anos aumentou o seu faturamento em quase 10℅ ao ano. Na verdade, o que houve foi uma verdadeira sangria nos cofres da empresa: só o Governo Federal pegou mais de 6 bilhões de reais nos últimos anos para fazer superávit; fizeram ainda uma alteração na modalidade contábil onde contingenciaram quase 10 bilhões, gerando com isso um falso déficit para poderem ter a desculpa para implantar estes ataques.

Neste momento é importante que as Centrais Sindicais, movimentos sociais, partidos de esquerda e, principalmente, a sociedade repudiem estes ataques e se solidarizem com os trabalhadores.  Ao mesmo tempo fazemos um chamado à categoria para aumentarmos a mobilização em defesa dos Correios Público e Estatal. Exigimos que não haja nenhuma demissão e que seja aberto o mais rápido possível concurso público para repor as vagas existentes.

Jacó Almeida é Diretor Suplente da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios –  FENTECT

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